Situação do Estranho: experiência criada por Mary Ainsworth. Nesta experiência, uma criança brinca com a sua mãe (ou pai) durante alguns minutos. Um estranho entra na sala, conversa com a mãe e interage com a criança. Entretanto, a mãe ausenta-se deixando a criança a sós com o estranho. A mãe reentra e volta a sair; o estranho deixa a criança sozinha, regressando ao fim de algum tempo; por fim, a mãe regressa e pega na criança ao colo. Durante esta experiência são observados os comportamentos da criança, nomeadamente a exploração de brinquedos efetuada pela criança, as suas reações à ausência da mãe, a demonstração de angústia na presença do estranho e o seu comportamento quando regressa a mãe. Existem várias possibilidades de reação que foram tipificadas por Ainsworth. No primeiro caso (apego seguro), a criança que tem uma boa relação com a mãe deverá ser capaz de se envolver com estranhos na presença da mãe, mas ficará irritada quando a mãe se ausenta e não se envolverá com o estranho nessa altura. No segundo caso (apego inseguro-resistente ou ambivalência-resistência), a criança tenderá a aproximar-se de estranhos na presença da mãe, mas fica extremamente angustiada se a mãe se ausenta. No regresso da mãe, mostra-se ambivalente: está feliz com o seu regresso, mas também ressentida pela sua ausência, podendo bater-lhe ou empurrá-la, eventualmente não aceitando o seu colo. Uma terceira situação (apego inseguro ansiedade-evitação) sucede quando a criança evita ou ignora a mãe, mostrando pouca emoção aquando da sua saída ou chegada à sala. A criança chega mesmo a fugir da mãe quando ela regressa ou não mostrar interesse em agarrá-la quando está ao colo. A sua relação com o estranho é emocionalmente semelhante à que manifesta relativamente à mãe. Esta forma de apego é mais frequente quando o cuidador é mais desprendido, não satisfazendo as necessidades da criança. Estas três situações foram descritas no estudo original, realizado em Baltimore. Cada uma destas situações reflete um modo diferente de relacionamento da criança com o cuidador e implica diferentes formas de comunicação, de regulação das emoções e de respostas perante as ameaças percecionadas. Uma última situação (apego desorganizado / desorientado) foi acrescentada posteriormente por Mary Main, colega de Ainsworth, e consiste na evitação da mãe pela criança quando ela regressa, apesar de chorar na sua ausência. Parte das mães cujas crianças manifestavam este comportamento tinham sofrido recentemente algum tipo de perda, como a morte do marido. A situação estranha foi estudada estatisticamente, com meta-análises que permitiram concluir que a primeira situação se verifica em 21% dos casos, a segunda em 65% e a terceira em 14%.