Inacabamento

Inacabamento: A espécie humana tem o mais complexo cérebro de todas as organizações vivas que existem. Entre os vertebrados, apenas nos mamíferos superiores se revela uma inteligência quando encontramos um córtex cerebral desenvolvido. De todos os animais, aquele que mais se aproxima do homem é o chimpanzé, com 4 biliões de neurónios no córtex cerebral, mesmo assim distante dos 14 biliões do ser humano. O que importa não é o número, mas a grandeza de interconexões que um e outro têm à disposição. Desde há milhões de anos que o volume cerebral tem evoluído, desde a caixa craniana com 800 cm3 do Australopiteco até aos 1500 cm3 do homem de Neanderthal. Entre o animal e o humano, algures surgiram atributos especificamente humanos, como a capacidade de reflexão, o culto dos mortos e a arte. Mas é na criança que melhor se percebe o conceito de inacabamento: o desenvolvimento do cérebro é paralelo ao desenvolvimento do psiquismo. Aquando do nascimento a criança já tem todas as células cerebrais e definida a capacidade craniana, mas o número de interconexões cerebrais ainda está em desenvolvimento. A maturação do cérebro é algo que se faz lentamente: fisiologicamente, o cérebro não está plenamente desenvolvido antes dos 18 anos, mas a ontogénese continua ao longo da vida. O cérebro humano, mais complexo, é muito mais lento do que um qualquer símio no seu processo de acabamento, de maturação (por maturação ou acabamento entenda-se a capacidade para funcionar de maneira adulta). Um símio é adulto aos sete anos de idade, enquanto o homem prolonga a infância, passal pela adolescência, torna-se um jovem adulto. O homem leva mais tempo a aprender, e por esse motivo é mais maleável, e dessa inferioridade surge a sua superioridade.

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