Hereditariedade: processo de transmissão das caraterísticas de um indivíduo aos seus descendentes através dos genes. As células reprodutoras (espermatozoide e óvulo, no caso do ser humano) transportam a informação genética dos genitores aos seus descendentes, como é o caso da cor dos olhos. Note-se que uma doença transmitida pela mãe ao feto durante a gravidez não é hereditária mas sim congénita. Note-se também que nem tudo tem base genética: a surdez pode ser hereditária ou acidental. As questões relacionadas com a hereditariedade são geralmente abordadas de acordo com três métodos: 1. Constituição de árvores genealógicas que permitem encontrar famílias com, por exemplo, um elevado número de débeis mentais ou criminosos, o que levaria a considerar a influência da hereditariedade na transmissão de doenças, condições ou tendências específicas; 2. A estatística, que permite o estabelecimento de correlações entre os membros de uma mesma família relativamente a um determinado traço; 3. O estudo de gémeos monozigóticos que, se educados em famílias diferentes, são notoriamente menos “semelhantes” devido à influência do meio. Os estudos sobre hereditariedade envolvem algumas polémicas éticas: sabe-se que a inteligência é hereditária e que, das mesma forma, a probabilidade de um filho de débeis mentais também o ser é bastante grande. Afeções patológicas como a epilepsia ou a ciclotimia também são probabilisticamente condicionadas pela hereditariedade. Isso conduziu muitos autores a defender a eugenia ou a limitação da procriação para certos indivíduos, tese contrariada pelo facto de o “risco hereditário” nunca atingir os 100%. Ou seja, nenhum critério científico apoia as políticas eugenistas, mesmo que se reconheça a existência de uma predisposição hereditária.